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quarta-feira, 6 de julho de 2011

A arte de atender


À uma hora da tarde começa a segunda etapa do meu dia, quando começo a realizar minha segunda função, juntamente com uma parte da primeira. Isso se resume em responder e encaminhar e-mails, resolver problemas e entregar resultados de exames. O periodo da tarde passa mais rápido do que a manhã, embora tenha mais coisas para fazer neste outro. Vamos agora a um relato corriqueiro.


Dia 5 de julho de 2011, 14 horas e 20 minutos.

Uma mulher loira, constantemente com ar de apressada, volta para o laboratório pela segunda vez naquele dia. Na primeira, sua amostra não pôde ser aceita por ter ficado mais de doze horas em geladeira.

"Oi. Trouxe de novo a amostra, dessa vez nem ficou na geladeira"

A recepcionista olha com espanto. "Nós só recebemos amostras até às treze horas

"Eu não acredito! É a segunda vez que eu venho aqui hoje! Da primeira vocês não aceitaram porque tinha ficado mais de 12 horas em geladeira e agora não podem mais receber!?"

"Estava escrito no papel de instruções que eu te dei hoje cedo"

"Mas nesse papel aqui está falando até as 16 horas!"

"Só que esse papel é de entrega de resultado"

"Isso devia estar escrito em outro lugar, porque é muito confuso desse jeito!" Vociferou a loira, com ar de quem iria jogar tudo pelos ares.

"Tem uma placa na porta" Acentuou a garota do outro lado do balcão.

"Aah, eu não acredito! Não vou mais fazer esse exame, pode cancelar tudo! Cancela tudo! Eu não vou mais fazer isso, vocês fazem a gente de palhaço?"

Então foi embora, batendo os pés e a porta ao sair. Deixando a recepcionista se perguntando quem era realmente o palhaço da história. Se a loira que, como muitos outros, não leu as placas e as instruções de procedimento que lhe foram entregues, ou a funcionária que não sabe mais o que fazer para eles prestarem atenção nos avisos.




Este acontecimento me faz refletir sobre os hábitos dos Campineiros. A maioria das pessoas que atendo, preferem pedir informação sobre aquilo que desejam à tentar encontrar por si mesmos. Um exemplo: "Aqui faz vacina?", "Faz sim, é no mesmo prédio, mas não é dessa empresa", "Quanto é a vacina da gripe?", "Então, o senhor tem que se informar com eles, não é da nossa empresa", "Ah é? E aonde é?", "Ali, naquela porta atrás do senhor, está escrito SALA DE VACINA, tá vendo? Então, é lá".

Algumas coisas são difíceis de entender, pergunto-me sempre se eu era assim antes de começar a trabalhar aqui, e se isto é algo regional, ou talvez seja uma ilustração da famosa frase "brasileiro é preguiçoso". Você já reparou em algo assim? Também acontece em sua cidade?

Estou pensando em promover um evento: "HOJE É O DIA MUNDIAL DO FAÇA VOCÊ MESMO"


JeHh Bueno

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