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sábado, 3 de outubro de 2009

Para Rodrigo


No msn, acabei de ler as melhores palavras que poderiam me ser ditas agora:
"As coisas não se conquistam sem luta, e essa é a graça da vida: lutar pelo que você quer; mostrar o melhor que você é.
E por fim, quem sabe, se tornar um exemplo para outra pessoa perdida."

A maioria das pessoas, quando não mudam a nossa vida ou quem somos, saem dela sem deixar ou levar coisa alguma. Porém apenas raras pessoas, conseguem fazer a diferença todos os dias, sem que seja preciso estar sempre com elas, ou falar-lhes com frequência.
Ro, eu já te disse isso e agora repito, não apenas para enfatizar, mas para que você veja a importância que tem na minha vida. Por que você consegue faze-la ser novamente colorida, quando perde a cor. Sempre que preciso lutar por algo, lembro de você. Eu queria poder ter as palavras certas para explicar tudo o que você representa para mim mas, por incrivel que pareça, não consigo.

Sem dúvidas, eu seria mesmo uma pessoa diferente sem você, poderia até seguir os mesmos caminhos, mas não com os mesmos passos e com a mesma determinação.
Obrigada por me resgatar quando eu acho que estou perdida, por me desafiar e me fazer pensar no que eu realmente quero e preciso. Por me questionar todas as vezes que eu digo que não sei o que fazer, e então, ao contrário das outras pessoas, você não diz o que eu posso fazer, me faz encontrar uma solução, descobrir por mim mesma.
Lembra-se quando eu dizia que somos diferentes e nunca concordariamos em nada? Bem, em parte era verdade. Mas é essa diferença que manteve a nossa amizade como é. As nossas discussões sobre tudo nunca nos deixam sem assunto, e as nossas conclusões quase sempre diferentes, só servem para estimular outra discussão sobre coisas banais.

Você diz que um dia vamos nos afastar totalmente. Não aceito isso e não adianta me contrariar. Quando estivermos cansados de buscar metas na vida, vou te escrever uma carta e dizer: pelo menos nisso você estava errado. Então você me fará uma daquelas pegadinhas que eu preciso de cinco dias para entender!

Beijos, Jé.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

O falso FIM.


Não lembro se já disse aqui que, se há uma coisa que pode realmente me apavorar, é o fim. Pois se não disse, grito agora: odeio finais, não sei lidar com o "nunca mais", porque ele, ao contrário do " para sempre", quando existe, nunca acaba.
Nunca pensei que fosse encontrar um final que não me causasse uma dor profunda e uma negação irracional. Pois senhores, estou diante de um. Porém, para chegar à história do fim, deve-se contar a história do começo.

Vamos a ele.
Quando o ano começou e as aulas estavam próximas a voltar, meu coração foi ficando cada vez menor. Este é um ano em que cada dia é a "ultima vez de minha velha e cômoda vida", eis o meu terror. Imaginei ficar sem entrar em um colégio, com todos aqueles adolescentes berrantes querendo controlar o mundo e uns aos outros, imaginei não ter professores dando créditos e pontos ao seus alunos ingratos, ensinando-os a ser gente e não apenas a reconhecer suas falhas, mas a concertá-las. Imaginei não estar em um ambiente cheio dessas pessoas que se importam com meu futuro por mim. Não ter quem esteja ali para me ensinar, de novo e de novo, o que meu cérebro teima em não aprender. Preguiçoso e infantil como é.
Imaginar doeu. Não posso dizer se doeu mais do que doerá quando tudo realmente acontecer, ontem dizia que sim, hoje digo que não, o amanhã quem sabe?
Ver meus amigos e colegas de sala e tentar adivinhar o que se tornarão, se nos veremos futuramente ou se trabalharemos uns com os outros, doeu também. Os amigos em dobro, é claro. Ademais, o que inflama o ferimento é a saudade antecipada. Dessa já falei, dói mais que a saudade propriamente dita.

E tudo gira em torno do tempo. O tempo que de repente resolveu passar depressa e deixar tudo o que conheço para tras, o tempo que me cobra escolhas e tinge de cinza os meus sonhos mais coloridos. E foi este mesmo cretino que tomou a minha dor, levou embora a minha saudade e transformou minha fonte de arco-iris em pesadelos. Ele fez pessoas que admirava cuspirem palavras espinhosas, fez-me ver o quão pobre de alma algumas pessoas são, e isto tornou um desprazer conviver com elas, te-las em minhas lembranças ternas. É repugnante ver que o coração que antes batia devagar para apreciar cada segundo que restava no meu "mundinho feliz", é o mesmo que bate desesperado para se livrar dele.

Esta é a história do fim. Para mim o tempo de apreciar e aproveitar pela ultima vez, acabou. O ano ainda está rolando e os dias voando, mas tudo o que eu tinha medo de deixar, me deixou. Tentei por vezes e vezes fazer tudo certo, tentei montar um momento perfeito para nos despedirmos, para que eu pudesse, naquele momento, olhar para trás e dizer: "valeu a pena". E um coro me acompanhar: "sim, valeu a pena". É devastador saber que tais palavras jamais poderão sair de minha boca, a menos que sejam arrastadas por algum sentimento apressado.

Entretanto, dentro de mim ainda há uma lágrima de indignação, sim eu quero chorar. De raiva, de mágoa, não de dor e nem tampouco de saudade. Por que furar minha trouxinha de bons sentimentos, bons desejos, bons sonhos e boas recordações?
É, meus caros, a vida não é ruim, o mundo não é, nem de longe, cruel. As pessoas é que são, e o são com o prazer que um guloso tem de devorar um bolo as escondidas.
Jéssica C. Bueno

"Tudo acaba, leitor; é um velho truísmo, a que se pode acrescentar que nem tudo o que dura dura muito tempo. Esta segunda parte não acha crentes fáceis, ao contrário, a ideia de que um castelo de vento dura mais que o mesmo vento de que é feito dificilmente se despegará da cabeça, e é bom que seja assim, para que não se perca o costume daquelas construções quase ternas."
(Dom Casmurro)