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segunda-feira, 3 de maio de 2010

LUTO




Hoje, alguém que eu conhecia foi espancado até a morte.
Hoje, fechar os olhos e imaginar um rosto simpático sendo chutado e pisoteado, é de enregelar o coração.
Hoje imaginar aquela pessoa, que me tratou tão bem, com mãos e pés amarrados e sendo agredido sem poder se defender, é uma cena horrível.

Hoje, amanhã e todos os dias.

É evidente que a violência está solta no mundo, em cada cidade, em cada bairro e em cada praça. O mais irônico, é que ela é uma das poucas coisas que não faz distinção de classe, une os seres humanos pela podridão de sua alma, ou talvez, estes se unam pela pobreza de espírito.
Não sei. Ultimamente é difícil encontrar o começo e o fim da maldade, ela tem muitos nomes, muitos rostos, muitas explicações, contudo, nenhum motivo.

Hoje estou de luto pelo mundo inteiro.

Porque a vida vale tão pouco pra tanta gente e talvez seja por isso que o mundo esteja mais feio a cada década. Tão feio que é mais fácil ignorar e fingir que tudo o que é fácil é melhor.

Hoje, se o mundo tende a ser um saco de escórias, penso que não vale a pena viver nele.

Mas hoje e somente hoje. Afinal, embora seja mais fácil desistir de lutar, prefiro gastar meu tempo no mundo tentando deixá-lo mais bonito.
E muito menos humano. Pois a humanidade que se apresenta a mim, é aquela que não suja as mãos de sangue para se alimentar.
Tenho vergonha de pertencer a essa raça tão excluida da natureza.

Hoje estou de luto, e luto para amanhã, não mais estar de luto.


Jéssica.





"A não-violência e a covardia não combinam. Posso imaginar um homem armado até os dentes que no fundo é um covarde. A posse de armas insinua um elemento de medo, se não mesmo de covardia. Mas a verdadeira não-violência é uma impossibilidade sem a posse de um destemor inflexível."
(Mahatma Ghandi)