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sábado, 28 de junho de 2008

Bem viver.

Para começo de conversa, bem viver não está ligado a viver bem. Viver bem, como se define a fria e cruel sociedade capitalista, é a superioridade econômica, a boa e confortável "gozação" do luxo e dos confortos. É sair esbanjando saúde, dinheiro, sorrisos e conseguir criar uma imagem perfeita perante as pessoas, ou pelo menos a maioria delas, uma vez que, há quem saiba identificar uma boa índole, de um belo rosto carismático.
Logo, quando o assunto é ter uma vida boa, é indispensável a presença da boa refeição, e quanta gula quando a academia está aberta! Claro, tudo que é definido como "bom" socialmente, reflete a padrões da mídia. Porém, não vale a pena ditar tais padrões, não porque a maioria deles está escarlate aos olhos, mas para não interromper uma complexa corrente de idéias.

Bem viver, é ter a simplicidade nas ações, é quando consegue sentir-se realizado, sem ter feito grandes esforços para isso. Como salvar uma simples borboleta e vê-la voar para longe, irradiando vida, sem precisar de palavras.
É saber que está no caminho certo, sem ter a dúvida de mudar o rumo. Como o curso exato de uma cachoeira, as águas correm com força e sem medo de bater nas pedras, porque, por mais que suas moléculas se quebrem, dor ela não sentirá, tendo em vista que, ela dá a oportunidade da existência de vida, mas não a possui.
Contudo, o bem viver, apesar de preencher os espaços da vida, não ocasiona o tamanho deste. A paz que habita o interior de cada ser, é inibida todos os dias, pelo simples ato de passar por uma rua onde há sombras capitalistas, ou pela mera possibilidade de ouvir as proclamações dos portadores de voz da humanidade. Mas, apesar de raro, ele está presente, assim como em um solo onde pisa a discórdia, a dor e o ódio, pode nascer uma flor.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Menina


Sorri a menina,
que inocente observa os pássaros voar para longe.
Prometendo para si,
que um dia voaria para o horizonte;
Criaria asas para a vida.
Sentiria a brisa da felicidade, amando o mundo com seus olhos,
que brilham apaixonados.
Desejando um pedaço do céu,
a luz do sol e um pouco daquilo que,
se define por: Bem viver.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Álbum da Vida



Quando o assunto é vida, um filme se passa diante dos olhos, ela possui imagens, cores, sons, cheiros, sentimentos e recordações. Recordações boas, que deixam saudade, que fazem chorar, quando lembradas depois de muito tempo. E recordações ruins, que causam dor e geram lágrimas no inicio, mas depois, mesmo deixando marcas, cicatrizam.
Logo, toda vida possui um álbum de fotos. No álbum sobre a vida, estão as fotos mais lindas, aquelas em que todos saem sorrindo, ou fazem pose para expressar seus sentimentos. Há também, a coleção de bebezinhos mais lindos que toda família tem, que afinal de contas, inclui todos os bebes. Há as fotos do primeiro dentinho que caiu, dos primeiros passos, daqueles olhos sorridentes e daqueles sorrisos de quem descobre o mundo.
Está incluso, as lembranças do primeiro amor, aquele que quis uma fotografia beijando o rosto, carinhosamente, e os outros amores, aqueles que já não ligam para fotos delicadas, aqueles que querem mais e mais, aqueles que não saem em fotos. E, finalmente, Aquele que aceita todas as vontades, que leva pro altar, promete o mundo e coloca uma aliança como prova de amor.
No álbum sobre a vida, não pode faltar a foto do primeiro filho, nem ao menos dos seguintes. Não pode faltar as lembranças das melhores viagens, aquelas para os lugares mais lindos e encantadores, mais românticos e envolventes. É extremamente necessário acompanhar a vida dos filhos, os momentos mais felizes, os de conquista e descoberta.
Porém, há uma diferença marcante entre o álbum que se faz sobre a vida e o álbum que se tem da vida. No álbum da vida, os bons momentos estão lá, presentes e marcantes. Mas não tão marcantes quanto a primeira decepção, o primeiro machucado feio, a cirurgia de risco, as dores da perda.
Inclui também, todos os arrependimentos e remorsos, todas as lágrimas pelos sofrimentos causados pelos amores, todas as marcas deixadas no íntimo. E aquele dia lindo do casamento, antecipado por uma briga de causar angústia. A dor de se ter um filho, o sofrimento que este causa inevitavelmente, ou até mesmo, a hemorragia de perde-lo. As fotos das melhores viagens, também estão presentes nesse álbum, mas a parte em que o pneu fura, em que há desentendimento e vontade de sair correndo, a parte de não querer mais nada.
Muitas pessoas se apegam a fotografias e fazem dela sua saudade aguda, sem se lembrar de que, a parte da vida que ensina, não sai em fotos e que os melhores momentos, estão no coração, não em um papel.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Dia-a-dia

Chega uma hora, em que os acontecimentos da vida nos atingem em cheio e por mais que se resista a eles, uma parte de nós sempre é atingida. Uma parte que faz falta e que por consequência disso tentamos de todas as maneiras fazer um curativo por cima.
É como se houvesse uma nuvem diante dos olhos, sons e vozes rodeiam o interior dos pensamentos, como se quizessem barra-los por algum motivo. E cada palavra dita é como estar empurrando um elefante em uma subida, em cada pergunta feita, o elefante se torna ainda mais pesado e quando mais força se faz para em empurra-lo, maior é a vontade de deixa-lo rolar para baixo. Porém, a capacidade de permitir que isso aconteça, é quase nula, uma vez que se sabe que ele passará por cima se soltá-lo, apesar, de todos esconderem em seu íntimo, o impulsivo desejo de deixar que ele o faça, de que ele esmague todo e qualquer tipo de pensamento ou sentimento que esteja enfiado dentro do cérebro como um caco de vidro.

E quando preciso das minhas boas e reais palavras, elas não estão aqui para você.
Tudo é muito estranho, e a verdade é que não acredito e ao mesmo tempo, eu sei.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Quando Ela vem

Estava distraída quando ela me atingiu, o impacto foi simples e longo, pude contar cada segundo como se fosse um minuto. Lembrei-me como flash que tinha deixado uma panela no fogo, sempre fui desligada, mas nunca pensei que algo assim poderia acontecer comigo.
Quando ela começou a tocar minha pele, reparei que não havia muitas pessoas na rua, e antes que pudesse conter, gritei tão alto, quanto jamais havia gritado em toda minha vida. Percebi que havia me furado quando um sentimento desconhecido agulhou-me no estômago, quis mais que nunca falar com Mário, tinha que lhe contar que mais um bebê estava por vir, Ana Lú ficaria tão feliz em saber, ela queria muito um irmãozinho.
Meus joelhos cederam e eu cai de costas, o céu azul-alaranjado ficou gravado em minha retina, permanentemente; também ouvi crianças gritando, o que me confortou. O som da vida, senti falta daquela época onde chorava para minha mãe quando me machucava e ela dizia que estava tudo bem, sempre curava tudo com aquela mágica-de-mãe; todos os arranhões que se ganha ao pular portões, todas as "esfoladas" no joelho dos piores tombos, todos os medos de dormir sozinha no escuro, todas as manhas do mundo.
A verdade esbofeteou-me dolorosamente, quando era criança, tinha tempo de sobra, quando cresci, comecei a ter tempo de menos. E quanto "menos", daria um minuto para poder dizer mais uma vez à minha filha o quanto a amo e que sempre estarei com ela, um minuto para dizer ao Mário, que ele foi muito especial na minha vida e que jamais esquecerei do café-da-manhã com rosas, quando fui demitida do segundo emprego.
Todos os dias já desvalorizados pareciam lindos, me agarrei a cada eterno segundo, mas Ela chegou, desta vez, não a bala que tirou-me a vida, mas a morte que levou-me deste mundo. Preferi andar ao lado dela, sem olhar para trás.

Afinal, tudo valeu a pena, não haveria motivo, para olhar para trás.

segunda-feira, 2 de junho de 2008

As verdades sobre "O segredo"

Quando tudo aquilo que não se deseja que as pessoas saibam acontece, a primeira decisão a tomar é que não contará a ninguém e morrerá com a verdade sobre o acontecido. Mas basta encontrar aquele amigo de infância, para abrir uma exceção ao "ninguém pode saber", porém, quando termina, é essencial pedir segredo! Como todo bom amigo, o indíviduo assegura que não contará a ninguém, mas o fato é que, este individuo também possue outros amigos de infância. E, sem que haja má intenção, uma corrente se estabelece a partir de um segredo.
Popularmente, segredo é aquilo que todos sabem, mas ninguém confessa, um defende ao outro por ter contado, porém, sempre chega uma hora em que a pessoa a qual se designa o segredo, acaba discutindo-o abertamente, fazendo com que o "falso segredo", deixe definitivamente de ser considerado tal.
Mas, algo que ninguém sabe é que há um significado próprio para esse substântivo em um objeto nomeado de dicionário:

se.gre.do
(ê), s. m. 1. Fato ou circunstância mantida oculta. 2. O que a ninguém deve ser dito. 3. Confidência. 4. O que há de mais difícil; o que exige uma iniciação especial, numa arte, ciência etc. 5. O sentido oculto: O s. de uma escrita. 6. Processo particular para atingir um objetivo: S. de fabricação. 7. Conjunto de dispositivos que protegem uma fechadura contra a utilização de uma chave falsa. 8. Lugar oculto; recesso, esconderijo. 9. Prisão rigorosa, incomunicável.

Portanto, tendo em vista essa definição, pode-se encontrar os primórdios do "significado popular" de segredo, como a tecnica na arte, na musica, na ciencia e etc., que foi compartilhada de geração a geração, se espalhando por todo o globo. Logo, segredo perdeu seu real sentido e foi adotado pela população por algo que deve-se ser compartilhado.
Sendo assim, peço segredo sobre essa revelação.