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segunda-feira, 5 de abril de 2010

Análise do suicidio.


É comum, ao tratar de suicídio, que se leve em consideração apenas o lado psicológico individual de quem se suicidou, o que no século XIX era chamado de desordem psicológica. Contudo, para que se possa realmente entender os fatores que levaram um indivíduo a cometer tal ato, é preciso analisar o lado coletivo de sua vida.

Assim, pode-se dizer que o externo (convívio social) reflete diretamente no interno (particular), tendo em vista que o ser humano é criado para estar integrado numa sociedade, dividindo e aprendendo com ela valores como cultura, gostos, crenças e religião. De acordo com Durkhein, quanto mais os integrantes de uma comunidade compartilham costumes e idéias, mais intenso é o laço que criam entre si, estabelecendo uma relação de solidariedade, o que, para ele, contribui para uma baixa taxa de suicídios.

Logo, a idéia de que desordens psicológicas levam pessoas a tirar a própria vida tornou-se vaga, ao passo que estudos relataram que as desordens eram mais freqüentes na maturidade e, em contrapartida, os suicídios eram mais comuns à medida que a população envelhecia.
Esta é mais uma prova da relação entre o externo e o interno, pois é na idade adulta que o homem passa a ter maior dependência da sociedade, precisa trabalhar e manter a si e/ou sua família em boas condições, e quanto mais este se relaciona com outros, mais forte ou mais fraco ficará o seu juízo de valor e a sua moral, sendo que ambos conectam sentimentos e conceitos do particular ao social. O ser humano precisa ter uma âncora, algo que o ligue ao mundo ao seu redor, que o faça sentir a importância de estar vivo. Em geral, essa conexão é feita através do envolvimento familiar, religioso e até mesmo histórico-cultural ou histórico-conceitual, o que explica porque alguns povos, como os judeus, são menos propensos ao suicídio.

Portanto, é a forma como um ser se sobressai na sociedade que difere o seu comportamento e as suas atitudes perante a vida; se um indivíduo não sente que pertence a um grupo, que tem uma função para com ele, não entenderá a razão da existência.

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