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quarta-feira, 20 de maio de 2009

Identidade

Houve um tempo em que o questionamento popular era: "Quem sou eu?". "De onde eu vim?". "Por que estou aqui?". Época em que para se ter uma resposta e passá-la ao mundo era necessário certo sacrifício. Nem todos tiveram êxito. Poucos dos que conseguiram se expressar continuaram a viver por mais tempo. Quase nenhum foi reconhecido em vida.
Talvez os antepassados tivessem medo de perder as perguntas que eram a razão do seu existir, ou talvez, simplesmente precisassem de suas certezas ignorantes para encontrarem perguntas óbvias.

Contudo, sob perseguições e mortes, religião e magia, a sociedade cresceu. E, por ironia do plano da morte, aprendeu. Aprendeu a aceitar respostas, mas principalmente, a mudar suas perguntas. Afinal, não é de Sócrates a frase "Existe apenas um bem, o saber, e apenas um mal, a ignorância"? O homem pode demorar a mudar, mas jamais deixará de fazê-lo. Pois a História prova que ele sempre vive em buscar de mais; mais de tudo o que já possui; mais perfeição a qualquer coisa que já se mostre perfeita.
Porém, jamais haverá um padrão em sua mudança, cada ser tem a sua identidade, sendo essa formada por igualdades e diferenças. Igual naquilo que se tem, ou até mesmo no que se quer, entretanto, difere-se na forma de querer, na intensidade da busca; difere-se em Ser. Isto é a essência do ser humano, tão frágil e delicada que, quanto mais o tempo passa, mais difusa ela se torna. Apenas olhos espertos ainda podem ver. E enxergam que os séculos mudaram as perguntas, tornaram supérfluos os alicerces - que formam a particularidade de um individuo -outrora insipientes.
Agora indagam-se "Porque eu sou assim?", ou até mesmo "Por que não sou como ele?", "Por que não posso ter o que todos tem"?. São perguntas desprovidas de possibilidade de reflexão pessoal; são perguntas respondidas com agulhas e bisturis. Feitas por seres que vêem para pensar.

Bons eram os tempos em que ainda se via para descobrir. Em que o sentido de viver era fazer, e não apenas ter.

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